Depoimentos

• 

• Fernando Correa

  Ex-Presidente da ABACS

25 anos da ABACS – Um pouco de história

Queridos (as) amigos (as) peregrinos (as):

Fiquei tão emocionada ao ver Cláudia restaurando a imagem do nosso querido Santiaguinho.

Foi com uma grande honra e enorme prazer que recebi o convite do meu querido amigo e presidente da ABACS Saul Paim pra escrever um depoimento sobre os primeiros anos da nossa Associação, que em 30/12/2025 completará 25 anos de existência. Confesso que junto à alegria de compartilhar e mesmo reviver essa história, veio o receio de confundir datas ou esquecer nomes, primeiro porque todos os registros estão arquivados na ABACS, sejam em livros de atas, fotografias, quadros, etc; segundo porque meu HD interno já está com a memória quase que totalmente cheia, então desde já peço perdão se a descrição dos fatos não obedecer a uma ordem cronológica correta, ou mesmo não possuir informações precisas, mas fica o objetivo maior que é compartilhar um pouco dessa história com aqueles que não a vivenciaram e tem a curiosidade em conhecê-la.

Fiz o Caminho de Santiago entre os dias 28/04 e 28/05 de 2002. Na época, a Associação já existia (ainda não possuía a sigla ABACS, o que só viria a acontecer alguns anos depois), mas eu não sabia da sua existência, tanto que eu solicitei a minha Credencial à Associação do Rio. Não me recordo se o primeiro contato que eu mantive com a Associação foi antes ou depois de realizar o Caminho, mas certamente foi ainda no ano de 2002. Fui muito bem recebido por todos e logo passei a frequentar as reuniões e a participar das atividades, uma delas a 1ª Exposição Fotográfica – “Um olhar sobre o Caminho” – se ainda me recordo do título corretamente. Logo fui convidado pelo então presidente e sua esposa, meus amigos Fernando e Katarine Barreiro, a fazer parte da segunda diretoria, no biênio 2003/2005, como secretário. Nesse período, num trabalho incansável de Fernando Barreiro, a Associação conseguiu ser reconhecida pela Xunta da Galícia como entidade voltada à divulgação e fomento do Caminho de Santiago e a partir daí se habilitou a emitir a Credencial do Peregrino. Nesse período, já mantínhamos uma estreita ligação com a Caballeros de Santiago, onde fazíamos as nossas palestras mensais. Assumi a presidência da ABACS durante o biênio de 2005/2007, e durante os 4 anos em que fiz parte da diretoria desenvolvemos uma série de atividades, das quais posso destacar:

- Caminhadas no Parque Pituaçu

- Caminhada de Santiago do Iguape

- Caminhada de Santiago do Periperi, um trabalho incansável do meu querido Marcelo Flores

- Encontro Nacional dos Peregrinos do Caminho de Santiago, um trabalho de logística extraordinário que envolveu alimentação, palestras, transporte, city tour, brindes, apresentações folclóricas e hospedagem pra cerca de 200 pessoas. Até camas de campanha do Exército foram conseguidas emprestadas, por meio do peregrino Cel. Muller.

- Exposição Fotográfica sobre o Caminho de Santiago, no Salvador Shopping, um evento que durou uns 10 dias, numa área nobre do shopping

- Recuperação da Capela de Santiago, situada no Parque Santiago, do Galícia. Essa obra teve uma participação decisiva do meu amigo e peregrino Roberto Fiamenghi, então superintendente da Acrinor / Metacril / Policarbonatos, que cedeu pra ABACS todo o material de policarbonato que recobria o teto da capela. Uma amiga, a artista plástica Jaqueline, fez uma pintura belíssima de Santiago Apóstolo num vitral de entrada. Não sei se todos tem conhecimento da existência dessa capela, é minúscula (acho que não cabem 20 pessoas sentadas), porém muito aconchegante. Depois de recuperada, a entregamos de volta ao Galícia para administração e manutenção, não sei como se encontra hoje. Como curiosidade, foi onde eu e Adriana nos casamos no religioso, no dia 16/10/2005, 25 anos depois de termos nos casado no civil, exatamente na mesma data!

Acho que a grande característica da ABACS nesse período era a total simplicidade de recursos tecnológicos que dispúnhamos na época. Não tínhamos muitos recursos financeiros (a quantidade de associados era pequena, talvez 60 ou 70 pessoas e nem todos adimplentes); tudo era feito com muita abnegação e altruísmo de todos. Não tínhamos sede (o espaço cedido pela Caballeros se restringia ao salão das palestras), então as reuniões da diretoria eram feitas nas casas dos associados, principalmente na minha e na de Virgínia Lima (Vicka), que também conseguia uma sala de reuniões no Hotel Bahiamar, em Armação. Havia apresentações mensais feitas pelos associados que já haviam percorrido o Caminho, a fim de compartilhar suas experiencias com outros peregrinos e futuros peregrinos interessados em fazê-lo. Lembro-me que um primo de minha mulher (Leandro Reis), que nem associado era, mas tinha e tem até hoje esse espírito solidário, saía do Barbalho com um projetor e uma tela de projeção debaixo do braço e se mandava pro Rio Vermelho, pra que o palestrante do mês pudesse projetar a sua apresentação. Os notebooks eram jurássicos e o powerpoint usava fraldas, rsrs! As comunicações eram feitas por telefone e por e-mail, e as redes sociais nem existiam...

Falar dos peregrinos que participavam dessas atividades é um trabalho de memória hercúleo e também perigoso, pois sei que vou cometer injustiças causadas pelo esquecimento. A esses, peço perdão antecipado, a culpa é do HD cheio! Mas não posso deixar de falar, além dos que aqui já citei, de Ricardo Machado, Hélio Borges, Tania Silva, Lígia Costa, Honório Côrtes, Fernando Negreiros, Lindinalva Silva, Paulo Noronha, Josué “Badega” Novato, Célia Novato, Monica Cohen, Jussara Dias, Márcia Galvão, José Rubem, Maria de Lourdes Nascimento, Luiz Codes (Luizão), Roquelina de Jesus, Eduardo Marangon, Luciano Borges, Ancelmo Rocha, Aílton Sepúlveda, Edilson Freire, Adélia, Lúcia Tolentino, Gerson e Marinalva, dentre tantos outros.

As melhores recordações dessa época são a boa vontade e o carinho com que todos que se dedicavam às atividades da ABACS, seja da diretoria ou não, se propunham a fazê-las. Percebo que isso se mantém até hoje, pelos relatos, informações e mensagens que recebo no grupo de Whatsapp da Associação. Que bom que essa semente que foi plantada há 25 anos atrás germinou e se transformou nessa árvore frondosa, que acolhe a todos que dela se aproxima. Parabéns a todos! Que venham outros 25!